Foi em 1981 que Deus
iniciou a linda história do CEPHAS. A iniciativa foi claramente de
Deus. Dois cristãos presbiterianos que moravam no “Conjunto
Habitacional Castelo Branco”, pertencente à COHAB, Orlando
Fogaça – membro da Igreja Presbiteriana de Osasco, da qual eu
era pastor – e Job Paulo de Oliveira – da 1a. Igreja
Presbiteriana de Carapicuíba, por mim iniciada na década de 60 –
me procuraram com a informação de que havia lá um terreno com uma
placa informando: “Terreno Reservado para uma Igreja Ecumênica”,
e sugeriam: “Não poderíamos obter da COHAB esse terreno para
construir lá uma Igreja?”. Respondi: “Vale a pena
tentar”.
Marcamos um dia,
agendamos com o secretário do Dr. José Celestino, presidente
da COHAB. Apresentamo-nos, ele então contou que estudara no
Mackenzie; era um importante ponto de contato. Esclareceu-nos que
eram 2 terrenos, mas a COHAB não sabia como ou a quem vendê-los.
Marcou uma nova audiência, mas avisou que as entidades que ficassem
com os terrenos deveriam realizar ali serviços sociais, pois esse
era o objetivo da COHAB. Respondemos que à igreja também cabiam
serviços sociais.
No novo encontro,
estavam além de nós, um padre de uma missão alemã, um pastor
batista e um pentecostal. Informou-nos que a COHAB decidira doar os
terrenos a 2 entidades que apresentassem os melhores projetos. Houve
um edital. Procurei uma assistente social evangélica para nos
orientar. No dia marcado comparecemos com o projeto. Surpresa: o
pastor pentecostal fora assassinado em um assalto, o pastor batista
desistira e comprara outro terreno. Dois terrenos e 2 pretendentes.
Nosso projeto foi aprovado. Ficamos com o terreno maior, e regular,
de 50m X 40m, na avenida Amazonas e a missão católica com o terreno
mais no centro do njunto habitacional, em ponto mais elevado.
Tínhamos 6 meses para começar as obras e dezoito para terminar e
iniciar as atividades.
A igreja de Osasco
adquiriu os blocos estruturais necessários, que dispensavam reboco e
possibilitavam colunas de concreto embutidas nos blocos.
Conseguimos com o
Mackenzie tábuas que haviam sido usadas em suas construções no
Guaporé. Parte delas foi usada para construir um barracão que
serviu como depósito, como residência da família do zelador e
também serviu para iniciar quase imediatamente uma Escola Dominical.
Precisávamos de um
pedreiro e não encontrávamos. Foi quando o irmão Gentil Reis
Bragança veio de Minas Gerais com a família à procura de
trabalho e o contratamos. Ele era o único pedreiro e seus filhos
adolescentes, Eder e Nilson, foram seus ajudantes. Seu
cunhado, o presbítero Samuel Alves Fernandes ensinou-o a
trabalhar com as ferragens.
Conseguimos a
terraplanagem com a Prefeitura de Carapicuíba e comunicamos à COHAB
que iniciaríamos as obras dentro do prazo. Um engenheiro amigo
projetou o prédio; meu sobrinho, o engenheiro Raymundo Poleti
Osorio assinou o projeto e ficou responsável pela obra.
Começamos a solicitar
ofertas de amigos, parentes e irmãos em Cristo para construir um
prédio de 600 m2 e outro de 110 m2.
As ofertas chegaram
sempre “em cima da hora”.
Empresas diversas
doaram materiais: a “Hervy” nos deu todos os aparelhos
sanitários tanto para adultos como os próprios para crianças. A
“Casa Albano” nos “vendeu” todas as portas internas de
madeira por apenas Cr$ 1,00 cada; outra empresa nos doou toda a
fiação elétrica, comutadores e tomadas; outra nos deu os
chuveiros,e assim foi até o fim das obras.
Um casal se encarregou
de colocar o piso de cimento. Quando faltava o “acabamento”,
procurei o empresário Fuad Chucre para pedir ajuda. Ele quis
ir na mesma hora conhecer nosso prédio. Ficou entusiasmado: faltava
a colocação dos vidros nas janelas e outros acabamentos diversos.
Disse-me: “Pastor, reúna 10 homens da igreja que trarei dez
amigos meus”. Passamos alguns sábados trabalhando e ele mesmo
preparava um churrasco custeado por ele. Chamou um vidraceiro e pagou
pela colocação de todos os vidros nas janelas.
Começamos a receber
uma verba mensal da “Visão Mundial” e mais tarde, da LBA.
Os pais das crianças contribuíam conforme suas possibilidades.
Outra providência de
Deus: estava eu um dia no escritório do pastor da I. P. da Lapa,
Rev. Jonas Gonçalves, quando uma funcionária do restaurante
central da USP, membro da congregação do Rio Pequeno, perguntava,
pelo telefone, se interessava para a creche da igreja sobras de
alimentos, mas seria necessário ir buscar diariamente. O pastor
respondeu que não, por falta de transporte; e então lembrou-se de
me perguntar se o oferecimento interessava ao CEPHAS. “Sim”,
foi minha pronta resposta, e passei a buscá-la em meu carro, um
Volkswagen TL no qual mandei instalar um bagageiro no teto. Durante
cerca de 10 anos fomos buscar esses alimentos, quase 200 kg em média,
por dia. Toda noite, um grupo de senhoras distribuía os alimentos às
famílias que faziam fila na rua.
Depois de 10 anos o
CEPHAS passou esses alimentos para a Igreja P. I. de Boaçava, que
fez um importante trabalho junto a moradores de rua e pessoas
carentes.
A congregação, que se
iniciara no barracão de madeira, passou a usar o salão social e
algumas salas para realizar a Escola Dominical e os cultos. A E. D.
Chegou a ter 110 matriculados – crianças, jovens e adultos. O
número de membros comungantes chegou a 70 em 1998.
Realmente, “grandes
coisas fez o Senhor por nós”
Mas não podemos deixar
de referir que durante todo o tempo houve também momentos amargos e
lutas desagradáveis, porque Satanás não assiste a tudo impassível.
Não, ele sempre procura colocar pedras de tropeço, inclusive
personalismos e mentiras; ele semeia o joio que precisa com muito
cuidado ser erradicado, e assim aconteceu.
Na seara do Senhor não
há lugar para vaidade, egolatria e mercenarismo. Então é
necessário, muitas vezes, travar lutas amargas. Também nessas
situações “grandes coisas fez o Senhor por nós e por isso
estamos alegres” - Sl 126.3.