sexta-feira, janeiro 29, 2010

As Bem aventuranças

"Fome e sede de justiça

Há uma tendência nas pessoas de isolar um texto bíblico de seu contexto. Quando fazemos isso sempre encontramos um texto que concorda conosco; é um erro frequente e grave.
Quanto às bem aventuranças - como em toda a Escritura - cada uma delas tem muito a ver com as outras.
Assim, por exemplo, a que diz: “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça”. - Mt 5.6.
Ter fome e sede de justiça é não se conformar com a injustiça em qualquer lugar e em qualquer momento. É reagir - mas de maneira sábia e prudente, não só emocionalmente - diante de qualquer injustiça. Calar diante da injustiça e do erro é tornar-se conivente e cúmplice. Temos que dizer, externar nossa discordância e nossa afirmação do que é correto.
Temos que fazê-lo, porém, observando todo o ensino das Escrituras, particularmente a bem aventurança que diz “Bem aventurados os pacificadores”. Não temos que ser semeadores de discórdia e até de inimizades. Temos que amar sempre.
Podemos dissentir energicamente sem deixar de amar e respeitar aquele que errou. Não podemos é pecar por omissão, por covardia. “Não vos conformeis com teste mundo...” e “Se possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos” - Rm 12.2 e 18.
Do mesmo modo, não podemos ser pacíficos e pacificadores a ponto de deixar passar toda espécie de injustiça.
Equilíbrio é a virtude necessária, embora não seja explicitamente mencionada. Essa virtude é notada muitas vezes nas atitudes de Cristo. Por exemplo, em Mc 3.5: “com indignação, condoendo-se da dureza de seu coração...”, e Mc 10.21: “...o amou e disse: falta-te uma coisa”...
Seja um verdadeiro cristão em tudo, e não só no que lhe for fácil.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Boas obras

ENSINO BÍBLICO SOBRE BOAS OBRAS

Alguns textos:
Mateus 5.14-16: boas obras para glória de Deus
Deuteronômio 15-7-11: “abrir a mão”
Isaías 1.11, 15-18: o cuidado dos pobres
Isaías 58.4-7 e 8-10: o jejum que agrada a Deus
Mateus 25.33-40 (v.35): o galardão das boas obras
João 14.15; 15.10-14: o amor a Deus e a obediência
1 João 3.17-18: amar em ação e em verdade
Tiago 2.14-17: fé e obras

POR QUE SE TEM DESCUIDADO DAS BOAS OBRAS?

1. Receio de cair em duas heresias: “salvação pelas obras” e “evangelho social” - o outro extremo do “evangelho verbal”.
2. Falta de misericórdia e solidariedade.

A POSIÇÃO BÍBLICA

1. O lugar das boas obras não é na doutrina da salvação, mas, na doutrina da santificação – Ef 2.8-10.
2. Boas obras por amor ao próximo-At 2.42-44;4.32

O EVANGELHO INTEGRAL

A Graça de Deus para salvar o Homem:
1. A regeneração;
2. A conversão;
3. A santificação – instrução na Palavra de Deus, correção de vida, uso dos meios da graça, obediência e trabalho cristão (obras). A principal obra é a da evangelização, mas não a única. Rm 6-8: profecia, serviço (diaconia), ensino, exortação, repartição ou contribuição, liderança, misericórdia.

Em função dos dons de “diaconia” e “misericórdia” foi instituído o diaconato (At 6). Paulo exorta em Gl 6.10: “fazer o bem a todos, principalmente (não exclusivamente) aos da família da fé”.

Boas obras, porém, não devem ser feitas como “isca” para evangelizar; são dois deveres a cumprir, tanto por nós, individualmente, como coletivamente, por amor ao próximo, para a glória de Deus - Mt 5.16.



quarta-feira, janeiro 20, 2010

O Maniqueismo e a Batalha Espiritual

Maniqueismo foi uma heresia que surgiu na Igreja Cristã no final do séc.III d.C. Originou-se por influência do Zoroastrianismo, religião dos persas. Alguns cristãos, indo à Pérsia, deixaram-se influenciar pela crença dos persas, de existência de dois deuses, um do Bem e outro do Mal, senhores dos Reinos da Luz e das Trevas, respectivamente.
Mani, um deles, e os maniqueistas levaram para o Cristianismo outras crenças e práticas pagãs como o ascetismo (abstenção de comer carne, de beber vinho, e do próprio casamento). Para dominar a carne recomendavam jejuns e penitências corporais.
O Maniqueismo reduzia os elementos cristãos ao mínimo e elevava ao máximo conceitos pagãos do Zoroastrianismo não-ortodoxo. Trouxe para a Igreja cristã a crença dualista, contrária à fé monoteista.
Para o Zoroastrianismo, Satanás não é apenas um espírito mau, porém impotente, sob o poder de Deus; é um deus com imensos poderes, capaz de se opor a Deus (o do bem).
Hoje os adeptos do movimento chamado “Batalha Espiritual” ressuscitam essa crença quando atribuem a Satanás e aos demônios poderes ilimitados opondo-se a Deus e Seu Reino de tal forma que, segundo o seu ensino, nem os próprios cristãos estão livres de serem dominados pelo maligno. Creem que estes também podem ser endemoninhados e ainda inventaram outro termo: cristãos podem ser demonizados. Seus ensinos são anti-bíblicos, retirados do espiritismo e do paganismo.
Dos casos bíblicos de pessoas endemoninhadas e da expulsão dos demônios, retiram a conclusão ilegítima de que sempre haveria possessões demoníacas, mesmo depois de completada a revelação de Deus, com o livro de Apocalipse.
Esquecem-se de que o livro de Atos dos Apóstolos registra que muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo “pela mão dos apóstolos” e não pelas mãos de qualquer cristão. Inferem ilegitimamente das palavras de Cristo em Mc 16.17-18 que os cristãos em geral expulsarão demônios, etc. Como os pentecostais em geral, selecionam esses fatos espetaculares e milagrosos: não falam em pegar nas serpentes e beber alguma coisa mortífera... Com isso, limitam seus milagres a alguns fatos de difícil verificação: se de fato alguém está endemoninhado ou apenas com uma forte perturbação mental; se alguém estava realmente ou apenas aparentemente paralítico, cego, mudo ou surdo sob algum efeito psicológico, como é bastante comum - os casos psico-somáticos. Todos esses casos dão margem à existência de fraudes e encenação, como também acontece muito nas sessões espíritas. Por que não curam, por exemplo, alguma vítima da talidomida, fazendo aparecer no paciente algum membro que faltava? Ou no caso de vítima de paralisia infantil com algum membro atrofiado, por que não operam a completa e imediata restauração desse membro, como foi no caso do paralítico de At 3, que certamente tinha suas pernas (ossos, músculos e tendões) atrofiados e que andou imediatamente após a ordem de Pedro, e logo depois dava saltos de alegria?
Esse terreno é muito propício para charlatães. Se ficarmos com a doutrina bíblica correta estaremos a salvo de tais enganos.
Lembremo-nos de que em Mt 8.28-32, ficou bem claro que os demônios estão sob o poder de Cristo e nada podem fazer sem Sua permissão; de que em Jó 1.12 e 2.6 fica bem claro que Satanás age apenas dentro dos limites permitidos por Deus, inclusive nas tentações: 1Co 10.13; Pv.16.4 é outro texto claro sobre a soberania de Deus: “O Senhor fez todas as coisas para os Seus próprios fins, e até o ímpio para o dia do mal”.
Lembremo-nos de que Satanás já está amarrado desde que Jesus Cristo veio, realizando exatamente aquilo que Satanás temia e tentou impedir: que Cristo realizasse sua missão redentora. Sem dúvida Satanás está ao nosso redor, e cabe a cada um de nós resistir-lhe mas não temos que viver amedrontados como se ele fosse um todo-poderoso adversário. Nós podemos apagar todos os seus dardos inflamados (Ef 6.16), sobretudo porque Cristo e o Espírito Santo intercedem por nós (Rm 8.27 e 34); o Espírito Santo habita em nós (Jo 14.17 e 1Co 6.19) e é mais poderoso do que o adversário. “Maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (Jo 4.4) e “aquele que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1Jo 5.18).
Em todas estas coisas somos mais do que vencedores” (Rm 8.37).
Graças a Deus!


sexta-feira, janeiro 15, 2010

Um Estudo em Provérbios - A Mulher Virtuosa

PROVÉRBIOS 31.10-31

Situando o texto:
É um poema, um acróstico; cada frase é iniciada com uma letra do alfabeto hebraico, em ordem sequencial. Não se tem certeza da autoria. Data da época de Salomão. Termina o livro de Provérbios mostrando a esposa perfeita, segundo alguns. Apresenta-nos uma família estável emocionalmente - no centro dessa família está a mulher virtuosa ou perfeita. É uma mulher rica, mas é um modelo ideal. Não poderemos imitá-la na totalidade, mas podemos aprender com os ensinos preciosos do seu exemplo.
Esse é o tema que vamos estudar - apesar das diferenças de época, os princípios permanecem.
Consideremos o assunto sob 4 aspectos:

1- Quanto aos bens materiais:
A mulher virtuosa considera importante os bens materiais. Faz o melhor, dentro de suas possibilidades: O texto não se refere a supérfluos, mas o essencial é o melhor que existe.
1.1- Busca o material de melhor qualidade - lã, linho, cobertas dobradas - versículos 13, 19, 21 e 22.
1.2- Provê mantimento para a casa – versículos 14 e 15.
1.3- Faz panos de linho fino para vender no mercado - a mulher trabalhando e ganhando dinheiro. Apesar de rica, com marido e filhos para trabalharem e proverem a casa com o necessário, e de todas as atividades que tinha, ainda encontrava tempo para trabalhar e ganhar dinheiro. Naquela época era muito difícil a mulher trabalhar para ganhar dinheiro; diferente de hoje – versículo 24.
1.4- Planta (manda plantar) uma vinha. Investe sabiamente suas economias. Examina uma herdade e a adquire - resolve. Não manda simplesmente o recado para o marido resolver, mas toma a decisão – versículo 16.

2- Quanto à família:
2.1- O marido confia plenamente nela, na sua pessoa como um todo. Ela tem valor para ele não apenas pelos seus atributo físicos - versículo 11.
2.2- Prestigia e apoia o marido - nos aspectos físico, emocional e espiritual - ela lhe faz bem. Não diz apenas que ela não lhe faz mal, mas que faz bem – versículo 12.
2.3- É uma ajuda para o marido: contribui para o seu equilíbrio emocional, para o seu bom nome, sua posição, sua atuação entre os juízes (anciãos). Não pelas roupas que ele vestia ou pela sua aparência, mas pelo seu equilíbrio emocional - versículo 23.
2.4- Trata bem o marido todos os dias. É bem mais fácil tratar bem de vez em quando – versículo 24.
2.5- Educa os filhos com sabedoria; o conflito de gerações - os filhos na idade da razão louvando sua mãe - versículo 28.
2.6- Controla as atividades e o ambiente do lar – versículo 27.
2.7- Levanta cedo para organizar seu dia com precisão. A preguiça não a vence – versículo 15.
2.8- Tem prazer em cuidar do lar e dos familiares - versículo 13.

3- Quanto à sociedade:
3.1- Está integrada na vida comercial da comunidade, não está alheia a ela, presa dentro de casa. A mulher virtuosa não é aquela que se isola de tudo e cuida única e exclusivamente da família - versículo 16 e 24.
3.2- Percebe as necessidades dos aflitos e dos pobres e os socorre - versículo 20.
3.3- Fala com sabedoria e amor - versículo 26.

4- Quanto a Deus:
4.1- Teme a Deus e é reconhecida como tal – versículo 30.
4.2- Merece o reconhecimento de todos pelo seu valor – versículo 31.
...

(estudo incompleto)

terça-feira, janeiro 12, 2010

Mundo Enlouquecido

Há muitos anos assisti a um documentário chamado “Mundo Cão”, que mostrava muitas das práticas mais sórdidas espalhadas pelo mundo.
Atualmente o “mundo cão” está todos os dias exposto cinicamente nos noticiários em geral e em programas de televisão, que conseguem audiência e patrocínio à custa de mostrar o que o mundo tem de pior e mais perverso; e o faz como se tudo fosse muito bom.
É a mídia a serviço da corrupção dos costumes. É claro que os donos da mídia, os apresentadores e os programadores sabem que, ao mesmo tempo que informam o mundo sobre o que acontece de mais degradante e destruidor, estão estimulando outros a ingressarem em tais atividades. Hoje assisti na TV uma entrevista com “garotas de programa”. Fico a imaginar quantas mocinhas, influenciadas negativamente, terão decidido hoje tornarem-se prostitutas e passarem a ganhar dinheiro “fácil”, ganhando a morte também.
Vivemos no mundo cão.
No plano da violência mundial, o que acontece é uma antropofagia: matar a fome com a carne do outro. No plano dos costumes, há uma campanha para desacreditar e destruir a família. Prevalece a filosofia hedonista: o prazer físico é o “sumo bem”. No campo do trabalho, é o domínio e exploração do homem pelo homem; o que importa é o lucro – a consequência é a concentração de renda e aumento da miséria. No campo político, o desejo do poder, conquistado por meio da corrupção ativa e passiva. No trânsito, competição, irresponsabilidade e morte. No meio ambiente, cada vez mais completa a destruição da Terra, com o solo, a água e a atmosfera degradados. As cidades cada vez maiores oferecem cada vez menos bem estar; ao invés de aumentar o número de pequenas cidades, aumenta o tamanho das megalópolis com péssima qualidade de vida. Na política internacional, as nações ricas produzem e vendem às nações pobres armas para alimentar suas guerras absurdas; fazem tudo para que continuem pobre e dependentes.
Que falta faz o Evangelho! O “mundo cão” precisa de Cristo!
O que podemos fazer? A primeira coisa, essencial, é não embarcar nessa filosofia do mundo enlouquecido; “não vos conformeis com este mundo” - Rm 12.2, isto é, não tomemos a forma deste mundo cão. Vamos parecer “antiquados”? Que seja!!! O mundo está errado, precisando de reforma. Cristo não se conformou , os apóstolos não se conformaram; um dia foram acusados de "alvoroçarem o mundo" – At 17.6.
Firme sua posição, seja diferente mesmo, dos “filhos dos homens”, pois somos “filhos de Deus” - Gn 6.1-2. Com coragem, coloque-se ao lado de seus irmão fiéis “olhando para Cristo” e não para os que ficam “coxeando entre dois caminhos” - 1Rs 18.21

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Os evangélicos e os neo-pentecostais - 3 final

II- Quanto ao crescimento numérico.

II.1- É realmente espantoso, fenomenal... e enganoso. Além de apelar para as emoções causadas pelos aparentes e falsos milagres, estimulam o fanatismo. O povo brasileiro é muito afeito a emocionalismo e fanatismo, e gosta disso.

II.2- Atraem multidões com falsas promessas, sem base bíblica: solução (e não superação) dos problemas, libertação (de vícios, de demônios, de opressão, de “encostos” e de “maldição hereditária” e do demonismo trazido do Espiritismo, etc.). Em lugar disso, Cristo diz com clareza e lealdade: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo”. A garantia de nos ouvir é nos termos de 1Jo 5.14: “se pedirmos alguma coisa segundo a Sua vontade, Ele nos ouve” (grifo meu). Sobre “maldição hereditária”, leia Ez 18.20: “A alma que pecar, essa morrerá; o filhos não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre eles, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”.

II.3- Culto cheio de exterioridades – expressão corporal, música popular de extrema pobreza intelectual e sem conteúdo bíblico, volume de som dos instrumentos musicais e de microfones além dos limites suportáveis e recomendáveis – fazem parte do processo de “lavagem cerebral”.

II.4- Ensino centralizado em poucos assuntos: línguas estranhas, cura, libertação, prosperidade, revelação e outras “modas”. Todos sem base bíblica ou à custa de heresias com aparência de verdade.

II.5- Experiência mística, sem apoio e exemplo bíblico. Sugestão, auto-sugestão, conceito errado de “fé”, crença no poder de operar milagres, etc.

II.6- Liderança carismática: pastores e pregadores aprendem uma técnica para impressionar e sugestionar, e não uma técnica para transmitir corretamente o ensino bíblico.

II.7- Uso intenso dos meios de comunicação, especialmente a televisão e o rádio, por mais caros que sejam: a freguesia é explorada o suficiente para custear tal propaganda. Ao contrário, Cristo e os apóstolos nunca usaram quaisquer artifícios para atraírem multidões; apenas a palavra autorizada pelas Escrituras; os cristão primitivos tinham o poder espiritual dado pelo Espírito Santo - At 1.1.8: “recebereis a virtude (ou poder) do Espírito Santo”.

Tudo isso, no meio neo-pentecostal, revela charlatanismo, mercantilismo e megalomania. Nota-se até nos nomes dados às igrejas: Universal, Mundial, Internacional, e nos títulos auto-conferidos: “bispo”, “apóstolo”.

Cuidado! Não se deixe impressionar nem influenciar por uma maioria. Cristo chamou Seu povo de “pequeno rebanho” – Lc 12.32. Isto não deve acomodar-nos, porque a ordem é “ir por todo o mundo”, mas nos faz lembrar que crescimento real da Igreja só se dá por conversão operada pelo Espírito Santo, e não simplesmente por “marketing” e adesão, conquistas humanas apenas.

(final)