A cerimônia religiosa de casamento é nada mais do que um culto que prestamos a Deus, através do qual pedimos que Deus abençôe o novo casal. É um culto com esse objetivo especial.
Só se realiza esse culto, na Igreja Presbiteriana, depois de feito o casamento perante o juiz de paz, no Cartório. A certidão é exigida pelo ministrante, sem a qual não podemos realizar o culto. (''Princípios de Liturgia", artigos 19 e 20).
Na "Constituição da Igreja" e no "Manual do Culto" nada é dito que impeça ou recomende a não-realização do culto quando um dos noivos não é membro da Igreja, ou mesmo quando os dois não o sejam. Mas diz o art. 18 do "Princípios de Liturgia": "Sobre o casamento realizado segundo as leis do país e a Palavra de Deus, o ministro, quando solicitado, invocará as bênçãos do Senhor".
Realizar ou não o culto de casamento nessas condições, tem ficado a critério dos pastores. Uns o fazem, outros não. Eu o faço, sempre.
Tenho realizado muitos cultos de casamento em que um dos noivos não é crente evangélico. Não estou, dessa forma, dando a entender que nada há contra o casamento misto. Nas ocasiões próprias ensino que o casamento misto deve ser evitado, pois isso é bíblico.
Porém, precisamos ponderar que, se a Igreja se negar a realizar o culto de casamento, nem por isso o casal deixará de casar-se; apenas fará o casamento civil e ficará magoado com a Igreja que se negou a pedir a bênção de Deus sobre ele. E isso tem acontecido muitas vezes.
Perguntará alguém: podemos pedir que Deus abençôe um casamento misto? Respondo: Sim, da mesma maneira que as Escrituras nos ensinam que devemos orar "por todos", crentes ou não, e isso fazemos. Deus pode transformar um mal em bem, tal a Sua misericórdia.
Sempre houve casamentos mistos na Igreja - veja 1Co 7.12-13 - inclusive porque de um casal não-crente, um se convertia e não devia abandonar o seu cônjuge não-cristão. E esse casamento, agora misto, podia ser abençoado por Deus com a conversão do "outro" e de seus filhos - 1Co 7.14. O mesmo continua acontecendo nos dias de hoje.
Precisamos alertar irmãos para que não se casem com pessoas não-cristãs, pois geralmente essa prática é um risco, especialmente para a vida espiritual da família; e as diferentes crenças vão ser mais um obstáculo para a harmonia do casal.
Tenho realizado inúmeros cultos de casamento de casais mistos, considerando que: 1. faço antes, com cada casal, um série de oito estudos bíblicos sobre o casamento e a vida familiar. Esses estudos são uma condição para que eu realize o culto; 2. através dos estudos evangelizo o casal ou aquele que não é crente; 3. retiro dos textos bíblicos ensinos preciosos sobre a vida matrimonial; 4. a Igreja está, dessa forma, dando ao casal um apoio espiritual, numa atitude caridosa e simpática; ao mesmo tempo dá ao casal condições de ser bem sucedido no seu casamento; 5. em cada culto de casamento prego o Evangelho a dezenas ou centenas de pessoas, muitas das quais pela primeira vez entram num templo presbiteriano e ouvem a Palavra de Deus.
Nossa missão é pregar e orar pelos homens para que a Palavra de Deus frutifique neles abundantemente. Só Deus sabe dos frutos que tem havido, mas tenho a certeza de não tenho pregado em vão.
Sobre a "bênção matrimonial", os "Principios de Liturgia da I.P.B.” dizem nos artigos 18 e 19: "Sobre o casamento realizado segundo as leis do país e a Palavra de Deus, o ministro, quando solicitado, invocará as bênçãos do Senhor. Para que se realize a cerimônia da impetração da bênção é imprescindível que o ministro celebrante tenha prova de que o casamento foi celebrado de acordo com os trâmites legais".
Os cultos de casamento são importantíssimas oportunidades para pregarmos o Evangelho a pessoas que só vêm à Igreja numa ocasião assim, toda especial. Usemos mais diligentemente essas oportunidades. Para isso a "mensagem" do ministrante não pode ser um "blá-blá-blá" romântico e inconsequente, como alguns que já ouvi, mas realmente mensagem do Evangelho.
"A minha palavra não voltará para Mim vazia" - Is 55.11. É Deus que nos dá essa certeza.