sexta-feira, agosto 25, 2006

Saudade da Ditadura?

Tomo emprestado o título de artigo no “Estado de S. Paulo”, de 24/4/06.
Domingos Pellegrini, o autor, foi militante da dissidência do PC; nada tinha de simpatia pela “ditadura”, o regime duro dos governos militares de 64 a 84.
Fala ele de algumas mazelas do regime real da vida política e social do Brasil de hoje, e não esconde sua decepção com o tipo de democracia de hoje.
Em filme apresentado há poucos dias, foi recordada a luta dos que repudiavam a “ditadura”; muito interessante, porém parcial, pois nada mostrava dos abusos de políticos de então, quanto à sua desonestidade e falta de patriotismo. Um exemplo: o regime militar se instalou em 1964, destituiu ditatorialmente muitos governantes corruptos, ainda que tenha também cometido enganos e injustiças; moralizou muita coisa no âmbito econômico. Pois, apesar disso, em 1968 (apenas 4 anos haviam se passado), os “políticos” deram motivo para que o AI 5 fosse editado. Um dos fatos: Assembléias Legislativas realizavam diariamente várias reuniões, pois os srs. deputados recebiam “jeton” em cada reunião que realizavam; chegou ao cúmulo de uma Assembléia (se não me engano de Alagoas), realizar 11 (onze) reuniões extraordinárias em um só dia!
Os maus políticos “postos de castigo” em 1964, mereceram esse novo castigo em 1968. Não havia como deixar de aplaudir o “governo discricionário”.
Ao lado disso, nos seus primeiros anos, os governos conseguiram melhorar algo na vida do país e seus cidadãos. O Brasil chegou a ser a 8a economia do mundo, passou a exportar de tudo o que produzia; as obras de infra-estrutura foram muitas e de grande porte. A indústria nacional se desenvolveu muitíssimo, sem se descuidar da agricultura. Mas, passados apenas 10 anos, a corrupção já havia se reinstalado na vida pública. A “cultura de corrupção” não chegou a ser extinta e substituída por uma cultura de honestidade e civismo. A corrupção só tem aumentado. Pouco adiantou o regime militar, pouco adiantou a democracia restabelecida.
O Brasil está se transformando em um “barril de pólvora”; a guerra civil pode realmente acontecer. Lembro-me de que um governante mineiro, há algumas décadas, disse um dia: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”!
Verdadeira Revolução não tem que ser sangrenta; mas tem que ser feita por governo forte, que tenha sobretudo força moral para realizar as transformações profundas que caracterizam uma verdadeira Revolução. Fora disso, temos apenas quarteladas, mudança de mandantes, injustiças e nada mais.
Como cristão presbiteriano sempre fui democrata convicto e abomino toda forma de ditadura. O que temos hoje no Brasil é uma múltipla ditadura: dos governantes desonestos impondo sua vontade autocrática sobre o povo; dos capitalistas selvagens – banqueiros, etc. – que pensam que está certo enriquecerem-se cada vez mais, embora 50% do povo empobreça cada vez mais, e milhões de pessoas estejam apenas sobrevivendo em extrema miséria. Isso tudo é ditadura!
Políticos, ponham isso em sua mente: “Façamos a Revolução necessária antes que o povo a faça” pela força bruta, por vingança sangrenta como foi na Revolução Francesa. Só assim todos poderão viver com dignidade e muitos passarão a viver também com suas consciências em paz.

(Rubens Pires do Amaral Osório, maio de 2006

quinta-feira, agosto 17, 2006

A Doutrina dos Decretos de Deus -Rm 8.28-30

Este assunto está contido na doutrina da Soberania de Deus. Deus é, por definição, Absoluto e Soberano; se não fosse, também não seria Deus.
Soberania de Deus significa que Sua vontade é soberana. Conseqüentemente nada acontece à revelia dEle; Ele dirige tudo o que acontece. Daí decorre a Doutrina da Predestinação, da Eleição e dos Decretos.
O estudo dos decretos de Deus complementa o estudo dos Cinco Pontos do Calvinismo:
Total depravação – Gn 2.16; 3.6-13; 6.5; Sl l4.1-3 e vários outros textos.
Unconditional election (eleição incondicional) – Rm 9.7-24; 2Co 2.14 e muitos outros.
Limited atonmente (expiação limitada)–Jo 3.18 e 36 (lCo 5.15 e 1Tm 2.3-4).
Irresistible Grace (graça ilimitada) – Jo 6.37, 44-45; Rm 8.30; 2Tm 1.9-10; Ex 36.26; 11.19-20; 36.27.
Perseverança dos santos – Jo 10.27-29; Ef 1.11-13; 1Jo 2.19 (Mt 24.14).
Neste estudo das Escrituras verificamos que nada acontece à revelia de Deus – desde a criação do universo e do ser humano, até toda a História da humanidade, até a volta gloriosa de Cristo, o juízo final e a completa glorificação dos salvos.
A maneira como Deus dirige é o que verificamos na doutrina dos Decretos: de diferentes maneiras Deus o faz – sem tirar a liberdade e a responsabilidade dos anjos nem do ser humano -, mas com Seu poder supremo fazendo com que Seu plano se realize segundo a Sua vontade.
Os diferentes tipos de decretos são:
1- decretos determinativos- em que Deus determina algo e por isso é o Autor e responsável pelo que acontece. Exemplos: Gn 1; 12.1; At 9.6 e muitos outros
2- decretos permissivos- em que dá liberdade às criaturas. Gn 2.16; Dt 11.26; 30.15, 19; Jo 1.12; 2.6; 1Co 10.13; Jo 19.11; 2Cr 36.21; Mt 27.35; Jo 12.38; 17.12; At 1.16 e muitos outros.
3- decretos delimitativos- com os quais Deus põe limites à ação das criaturas- 1Co 10.13; Jo 1.12; 2.6
4- decretos diretivos – quando, através dos mais diferentes modos, Deus dirige tudo de tal maneira que a vontade dEle é realizada e Seu plano eterno se completa de modo perfeito. A vida de José é a melhor ilustração disto, o que se percebe especialmente em Gn 50.20 (“Deus o tornou em bem”).

quinta-feira, agosto 03, 2006

Princípios Bíblicos para a Educação dos Filhos

“A família é a base da sociedade” é um refrão antigo e verdadeiro.
Família bem organizada e sólida produz sociedade sadia. Família enfraquecida e desorganizada produz sociedade doentia e infeliz. Ao mesmo tempo a sociedade exerce influência enorme sobre cada família; há entre elas uma interação e uma influência recíproca. Cria-se, queiramos ou não, ou um círculo virtuoso ou um círculo vicioso, e quem se beneficia ou sofre as conseqüências ruins é o ser humano.
Cada um de nós é, ao mesmo tempo, fruto do meio e causa, um agente ativo do que será a sociedade em que cada um vive.
Ou somos, individualmente e coletivamente, “sal da Terra e luz do mundo”, ou somos os elementos corruptores e desagregadores da sociedade da qual somos parte.
Individualizando a questão: cada um de nós é, ao mesmo tempo, fruto do meio em que vive – a começar pela família – e também um fator determinante do que seja a família e a sociedade.
O papel principal da família é o de formar pessoas de bem, de bom caráter, que venham a ser fatores de uma sociedade sadia e feliz.
“Educação dos filhos” é o fator determinante do que será a sociedade em que vivemos.
Muitas são as teorias humanas a respeito do assunto. Desgraçadamente têm existido através dos séculos a família poligâmica, família poliândrica, concubinato, e agora o pior arremedo de família, que é a união de homossexuais e lésbicas, que pretendem - e muitos já são os que têm conseguido – “adotar” filhos, visto que sua união é anti-natural e não podem gerar filhos. A deformação moral em que crescerão tais crianças é algo espantoso e repelente.
Ficamos com a sabedoria divina exposta nas Escrituras Sagradas, a Bíblia.
Começamos com o tipo de família. O mundo apresenta vários tipos; a Bíblia fala de um só tipo de família, organizada por Deus.
É a família monogâmica; marido e mulher unidos por Deus, pelo vínculo do amor, gerando, criando e educando filhos para Deus. Por isso mesmo as Escrituras falam, em Gn 6.2 em “filhos de Deus” e “filhas dos homens”, e em 1Jo 3.10 falam de “filhos de Deus” e “filhos do diabo”. Ec 7.29 diz: “Deus fez o homem reto, mas eles buscaram muitas invenções”. Entre essas invenções estão a mentira, a violência, a prostituição, o adultério, a poligamia, a poliandria, o concubinato, o lesbianismo, o homossexualismo (Rm 1.23-27) e tantas outras formas de pecado.
A família começa com marido e mulher (Gn 2.21-22) e será o resultado de ter seguido, ou não, a orientação de Deus para o casal e a família:
1. casal unido pela vontade de Deus - Gn 24.12-14.
2. casal que cultive o amor – Cl 3.14 - nos 3 aspectos da pessoa humana: físico, intelectual e espiritual.
3. casal em que haja respeito entre marido e mulher – Ef 5.25 e 33.
4. casal que busca sempre o entendimento e não o domínio de um sobre o outro – 1Pe 3.7.
5. casal que se organiza também na vida financeira, como bons mordomos de Deus - Lc 14.28.
6. casal que reconhece a necessidade da direção e bênção de Deus, como ensina o Sl 127; que reconhece os filhos como bênçãos dadas por Deus; que cuida deles e reconhece o seu valor.
7. casal que consagra seus filhos a Deus, como Ana consagrou seu filho Samuel - 1Sm 1.9-12 - e Maria, que aceitou a incumbência dada a ela por Deus, em referência a Jesus – Lc 1.30-38.
Convém destacar o papel dos pais na educação dos filhos. Os pais são os colaboradores de Deus na preservação, não só da espécie, mas de um povo exclusivo de Deus, a Igreja - 1Pe 2.9-10; Mt 16.18; Ef 3.6, 10, 14-15.

Princípios bíblicos para educação dos filhos:

1. Ensinar e viver a Lei de Deus – Dt 6.4-9; Pv 9.10; Sl 111.10.
2. Contar aos filhos os grandes feitos de Deus - no passado e no presente - Sl 78.1-8; a História da Redenção.
3. Disciplinar: ensinar, corrigir, discipular os filhos – Hb 12.5-8.
4. Cultivar com sabedoria, uma interação entre pais e filhos - Cl 3.20-21.
5. Mostrar a responsabilidade dos próprios educandos - Ef 6.1-2.
6. Ser para os filhos um paradigma, um modelo, um exemplo digno de ser seguido - 1Tm 4.12; Cl 3.21.